O Computador chegou à Escola.
E agora José?
Assim como o livro, primeira tecnologia educacional oriunda da renascença, o ventilador, o freezer, a tv e o vídeo já fazem parte do cotidiano escolar, o computador-conectado acabou de chegar em nossas escolas.
Para o bom uso do computador-conectado na escola, temos alguns entraves a superar, entre eles destacamos: o estrutural, o metodológico e o político.
Estruturalmente os primeiros computadores-conectados que chegaram, tiveram destino à administração escolar, foram postos nas secretarias e enclausurados com acesso restrito aos diretores, coordenadores e pessoal administrativo e isso contrita com a principal função do computador na escola que é o de contribuir incisivamente para o melhoramento da qualidade do processo ensino-aprendizagem, sendo que oferece apoio e recursos aos professores, enquanto ao mesmo tempo se busca fazer a diferença no aprendizado e rendimento do aluno.
Hoje estatisticamente temos uma média de 50 alunos por computador, sendo que o ideal seria dois, isto se levando em conta apenas escolas em que há computadores disponíveis para uso pedagógico, o que é muito pouco, pois nos países que compõem a OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico é de 6,25 alunos por computador.
Metodologicamente o seu uso está ainda muito insipiente nas escolas brasileiras, em que pese, os atores principais se posicionarem meio atônitos, não sabem bem o que fazer com o computador-conectado em suas práticas pedagógicas em sala de aula, além de que alguns o repudiam de vez, por se tratar de uma nova tecnologia, totalmente desconhecida e que vem acompanhado de incertezas e o professor (aquele que professa) costuma estar sempre certo das suas convicções e conhecimentos que passam às gerações futuras.
Um outro problema grave e praticamente psicológico é de estarem desconfiados que o computador pode usurpar o seu emprego, fato esse que, pode até acontecer, caso o professor que não procurar se atualizar nas TICs - Tecnologias de Informação e Comunicação, serem sim substituídos, não pela máquina, mas por um outro professor que esteja mais afinado com esta nova tecnologia educacional de nosso tempo: o computador-conectado.
Politicamente falta vontade de colocar um computador por aluno na escola, proposta esta que novamente fora lembrada no discurso de posse do segundo mandato presidencial, como sendo, junto com a educação a panacéia de todos os problemas brasileiros...
Assim, vamos aos fatos: FUST – Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações, em vigor desde agosto de 2000 (Lei 9998) que nos cobram 1% em cada conta telefônica, além do faturamento bruto das empresas do setor (excluído o ICMS, PIS e Cofins), até o final de outubro de 2005 já tinha um montante arrecadado de R$ 4,6 bilhões, com a finalidade da expansão no Brasil do Programa Nacional de Informática na Educação (ProInfo) que é um programa educacional criado pela Portaria nº. 522/MEC, de 9 de abril de 1997, para promover o uso pedagógico da informática na rede pública de ensino fundamental e médio.
Porém ocorre que 90% dos recursos arrecadados, estão contigenciados (preso) pelo próprio governo federal, praticamente intocados, com a finalidade de compor e manter o superávit primário (diferença entre arrecadação e gastos do governo), cujo desvio de finalidade deixaram de beneficiar centenas de projetos de inclusão digital, inclusive a ONG carioca CDI - Comitê para a Democratização da Informática chegou a criar o movimento social: Fust Já! e conta atualmente com importantes atores sociais e em resposta a isto o Presidente Lula prometeu liberar este recurso agora em 2007 para suprir as escolas com computadores necessários, e desta forma permitir o destravamento do processo de inclusão digital no país.
Bem sabemos que a inclusão digital é um fator decisivo para contribuir com a eliminação do processo de exclusão social, que de há muito tempo se agrava no Brasil e o computador-conectado na escola têm um papel relevante e fundamental para que esta proposta comece a se concretizar.
“Vivemos hoje uma Segunda Renascença” e está acontecendo por obra e graça de uma outra tecnologia educacional que é o computador-conectado que já chegou à escola, a fim de que possamos dar conta dessa geração digital que hoje aporta nossos bancos escolares.
Cabe agora a nós professores nos interarmos de como se ensina e se aprende nesta Cibercultura, se não quisermos que a escola deixe de ser um espaço privilegiado de aquisição e produção do saber bem como da formação da cidadania, restando-nos ainda perguntar...
E agora José, o que vamos fazer?